Cotas para pessoas trans na UFRJ: um retrocesso para a meritocracia
- Fábio Marcelo da Rocha Rodrigues

- há 2 dias
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A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aprovou recentemente a criação de cotas específicas para pessoas trans e travestis em seus cursos de graduação. A decisão, que reserva 2% das vagas a partir de 2026, foi celebrada por alguns setores como um avanço em termos de inclusão. No entanto, para muitos de nós, trata-se de um equívoco grave que fere a essência da competitividade e da igualdade de condições no acesso ao ensino superior.
O princípio da meritocracia em risco
O vestibular e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) sempre foram pautados pela ideia de que todos os candidatos disputam em pé de igualdade, sendo aprovados aqueles que demonstram maior preparo acadêmico. Ao criar cotas específicas para um grupo definido por identidade de gênero, a universidade rompe com esse princípio. O resultado é a criação de privilégios que não se baseiam em critérios acadêmicos, mas em características pessoais.
A distorção do conceito de igualdade
A educação pública deve ser um espaço de oportunidades iguais, não de favorecimentos. Quando se reserva vagas para determinados grupos, inevitavelmente se retira a chance de outros candidatos que, muitas vezes, também enfrentam dificuldades sociais e econômicas. O critério deveria ser o mérito, aliado a políticas de apoio que garantam a permanência de todos os estudantes, e não a criação de novas divisões.
O impacto na confiança do sistema
Medidas como essa corroem a confiança da sociedade no processo seletivo das universidades públicas. Muitos homens e mulheres que se dedicam anos aos estudos para conquistar uma vaga enxergam essa decisão como um desrespeito ao esforço individual. O sentimento predominante é de injustiça: em vez de premiar a dedicação, o sistema passa a privilegiar identidades específicas.
Inclusão sem privilégios
É evidente que pessoas trans enfrentam desafios sociais e preconceitos que precisam ser combatidos. No entanto, a solução não está em criar cotas que distorcem a competitividade, mas em investir em políticas de base: melhoria da educação fundamental e média, programas de permanência, combate à evasão escolar e apoio psicológico. Essas medidas beneficiariam todos os estudantes em situação de vulnerabilidade, sem criar privilégios exclusivos.
A decisão da UFRJ, em vez de promover a verdadeira igualdade, abre um precedente perigoso de fragmentação do acesso ao ensino superior. O caminho para uma sociedade mais justa não é a multiplicação de cotas identitárias, mas a valorização do mérito e a garantia de condições reais para que todos possam competir em pé de igualdade.
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